terça-feira, 21 de novembro de 2017

VOCÊ SABIA? >> Mais de 870 pessoas estão desaparecidas no Rio Grande do Norte, aponta Anuário


Mais de 657 mil pessoas foram dadas como desaparecidas em todo o país durante o período de 2007 a 2016. Dentro desse cenário nacional, o Rio Grande do Norte aparece com mais de 870 casos. O problema considerado de segurança pública é mais recorrente do que a grande maioria das pessoas imaginam e também afeta famílias que residem em Mossoró.

O mais recente quadro sobre a quantidade de pessoas desaparecidas no território brasileiro foi apresentado nesta semana pelo 11° Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento mostra que dentro de um período de dez anos, o Rio Grande do Norte teve 877 registros de pessoas desaparecidas. Desse total, no primeiro ano pesquisado foram 48 registros.

No ano seguinte, esse número caiu para 33 e em 2009 subiu para 50. Em 2010, a quantidade de pessoas desaparecidas passou para 54 e em 2011 diminuiu para 36. No ano seguinte, o estado teve 70 registros e em 2013 teve uma leve queda para 64. Em 2014, o número de pessoas desaparecidas no território potiguar passou para 84 e no ano seguinte caiu para 75. Em 2016, último ano levantado pelo estudo, esse número pulou para 363.

Os dados são atribuídos às Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; às Secretarias Estaduais de Justiça e/ou Cidadania, ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); à Cruz Vermelha, ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública; e a registros policiais da Delegacia Especializada em Capturas (DECAP), que, segundo o estudo, não representa o total de desaparecidos no estado entre 2007 e 2015.

Além dos números absolutos de registros de pessoas desaparecidas, o estudo aponta também a taxa por 100 mil habitantes. Entre 2007 e 2011, o índice no território potiguar não passou de 1,7. Em 2012, a taxa foi de 2,2 e no ano seguinte foi de 1,9. O índice de pessoas desaparecidas no estado em 2014 foi de 2,5 e no ano seguinte foi de 2,2. A maior taxa do período levantado se deu no ano de 2016: 10,4.

A reportagem encaminhou e-mail para as assessorias de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESED) e da Polícia Civil com o fim de obter mais informações sobre o assunto, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.

RN conta 20 registros em site nacional de pessoas desaparecidas
A organização não governamental (ONG) Desaparecidos do Brasil dispõe de um site de cadastro de pessoas desaparecidas. Até o fechamento desta matéria na tarde da última sexta-feira (3), o Rio Grande do Norte contava 20 registros na página da internet da ONG.

O site traz algumas dicas de procedimentos a serem adotados em casos de desaparecimento. A orientação é para que assim que se perceber uma mudança de rotina, ou após tentativas de conseguir contato com a pessoa em questão e perguntar a parentes, amigos, namorados, vizinhos etc., os familiares devem procurar a polícia para formalizar o desaparecimento.

“Existe um mito de que é preciso esperar 24 horas, 48 horas para comunicar o desaparecimento. Não é necessário. Ele deve ser comunicado de imediato”, orienta o site, lembrando que é importante levar foto atual da pessoa e algum comprovante de residência. Antes disso, a família pode também tentar rastrear os últimos passos da pessoa desaparecida, através de rede social, amigos, grupos, celular, na escola, no trabalho.

O site lembra também que quando ocorrer a localização da pessoa desaparecida, o comunicante do desaparecimento deverá retornar à delegacia de polícia na qual foi comunicado o desaparecimento, a fim de dar ciência às autoridades policiais, que providenciarão a baixa junto ao sistema informatizado.
Psicóloga orienta sobre como lidar com sensação de perda.

“O sentimento que rodeia quem tem um ente querido desaparecido é de muito pesar e angústia, pois existe uma incerteza sobre a morte e vida, o que agrava ainda mais o sofrimento. Os recursos emocionais e o tempo ajudam a amenizar a dor da perda.” É assim que a psicóloga Naara Rebouças, do Hapvida, avalia a sensação de perda que atinge quem tem um parente ou amigo dado como desaparecido.

A especialista orienta que é preciso aprender a lidar com o sentimento de incerteza e pontua o que pode levar uma pessoa a sumir. “Existem diversos motivos, sendo os principais: conflitos familiares, drogas e tráfico de pessoas. Já os casos de desaparecimento de crianças têm a questão do descuido, maus-tratos etc..”
Segundo a psicóloga, infelizmente não existe um método específico para a ressignificação do luto por desaparecimento. “Somente o tempo trará uma conformação/aceitação”, esclarece. Naara Rebouças explica, também, como lidar com situações em que o desaparecido é vítima de morte violenta.

“Não é que reduz o sofrimento, mas podemos afirmar que é menos doloroso do que sabermos que a pessoa foi assassinada e o corpo não é encontrado. O ato de velar e sepultar faz parte da cultura, é um momento para se despedir, prestar homenagens, respeitar o corpo, é a representação de um fechamento físico àquele que não está mais vivo”, pontua a psicóloga.

Naara Rebouças fala ainda sobre como ficam os familiares de pessoas desaparecidas que nunca são encontradas. “Infelizmente, são tomadas pela incerteza por não saberem o destino do desaparecido. Não sabem se ele está vivo, se morreu, o que aconteceu ou está acontecendo. Essa dúvida gera ainda mais sofrimento à família.”

A psicóloga explica que o nível do sofrimento é muito relativo e que vai depender do afeto que cada um sentia pelo desaparecido. “Os pais, geralmente, têm seu sofrimento intensificado por saberem que a criança é indefesa, não tem como se defender etc.”, finaliza.

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